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Preço do leite ao produtor cai mais de 20% em 2025

Leite encerra 2025 com rentabilidade em queda


Foto: JM Alvarenga/Divulgação

O setor leiteiro brasileiro enfrentou um cenário desafiador em 2025. De acordo com dados divulgados pelo Cepea, o preço pago ao produtor caiu mais de 20% no acumulado do ano até novembro, refletindo os impactos de uma oferta elevada e do desequilíbrio entre produção, consumo e comércio exterior.

A produção de leite cru aumentou significativamente, impulsionada pelos investimentos realizados ao longo de 2024 e pelas condições climáticas mais favoráveis ao longo de 2025. O avanço foi especialmente notável nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde o clima contribuiu para elevar a produtividade, ao mesmo tempo em que limitou a queda sazonal no Sul do País.

Segundo o Cepea, a captação industrial de leite deve encerrar 2025 com alta de 7% na média anual, alcançando um recorde de 27,14 bilhões de litros. O Índice de Captação de Leite (ICAP-L), termômetro do ritmo de coleta pelas indústrias, acumulou crescimento de 15,9% até novembro, confirmando a forte oferta.

Além da produção doméstica, o mercado nacional também foi pressionado pelas importações. Na parcial do ano, o Brasil internalizou quase 2,05 bilhões de litros em equivalente leite (Eql), volume apenas 4,8% inferior ao registrado no mesmo período de 2024 — ano em que o País bateu recorde histórico de importações.

Por outro lado, as exportações recuaram de forma expressiva. Ainda segundo o Cepea, os embarques de lácteos somaram 62,4 milhões de litros Eql até novembro, queda de 33% na comparação anual. Esse desequilíbrio no comércio internacional agravou o excesso de oferta no mercado interno.

Com o abastecimento elevado, tanto nas indústrias quanto nos canais de distribuição, os estoques cresceram ao longo do ano. O aumento da disponibilidade de derivados resultou em negociações mais lentas e pressionadas, comprimindo as margens das empresas do setor.

Essa pressão foi repassada ao produtor, com recuos sucessivos no preço do leite cru ao longo dos meses. Ao mesmo tempo, os custos de produção mantiveram trajetória de alta durante boa parte do ano, o que ampliou o desafio de rentabilidade no campo e gerou alerta entre os produtores.

O desempenho do mercado em 2025 confirma um ambiente de baixa lucratividade e incerteza. Diante das margens estreitas e do excesso de oferta, cresce a tendência de retração nos investimentos e desaceleração gradual da produção para os próximos meses, o que poderá reequilibrar a oferta em 2026.

 

 

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